sábado, 25 de setembro de 2010

Qualidade de ensino nas escolas particulares é questionada pelo IACi

O baixo nível de aprovação de alunos de escolas particulares nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio - Enem 2009 foi determinante para que o Instituto Amazônico da Cidadania - IACi questionasse perante o Procon, Promotoria de Defesa do Consumidor do Ministério Público Estadual e Conselho Estadual de Educação o grau de qualidade do Ensino Médio destes estabelecimentos. Face às altas mensalidades cobradas pelas escolas de ensino particular, o IACi defende perante aos órgãos de defesa do consumidor e do órgão gestor da educação o não aumento das mensalidades escolares para o próximo ano em razão do fraco desempenho de estudantes nas avaliações do Enem, principalmente na área de Medicina. Baseados em matérias de jornais e em depoimentos de pais de alunos, o IACi constatou que as escolas não estão aplicando um conteúdo pedagógico suficiente para suprir as necessidades de seus alunos diante ao exame para o ingresso nas universidades públicas.

A razão maior para este questionamento está relacionada com o nível de aproveitamento local dos estudantes que tentaram uma vaga para o Sistema de Seleção Unificada – Sisu/Enem 2009 do Curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas – Ufam. As 22 vagas oferecidas para o Curso ficaram para estudantes das cidades de São João Del Rei - RJ, Goiânia - GO (IIII), Guapo - GO, Timon - PI, São Luís - MA, Curitiba - PR, Londrina - PR, Campinas - SP (II), São Lourenço - MG, Teresina - PI (II), Feira de Santana - BA, São Paulo - SP, Resende - RJ, Belo Horizonte - MG, Cuiabá - MT, São Bernardo do Campo - SP, Osasco - SP, Brasília - DF e Recife - PE. Nenhum estudante do Estado do Amazonas passou no exame inicial. Só a partir da terceira lista de espera é que um estudante local foi classificado, mas preferiu desistir e seguir para o Estado do Piauí. Na primeira até a quinta lista de espera, conhecida como repescagem, nenhum estudante do Amazonas foi chamado. Só a partir da sexta repescagem que os estudantes locais estão sendo convocados a preencher vagas remanescentes do Curso de Medicina. A lista de espera para a chamada dos novos egressos na universidade já está na sua décima segunda edição.

Outro ponto gravíssimo questionado pelos dirigentes do IACi refere-se ao conteúdo programático oferecido nas escolas e que não apresenta resultados satisfatórios, forçando os pais dos alunos a contratarem outros profissionais para ministrar aulas de reforço das disciplinas escolares ao custo de preços elevados. A prática em si já demonstra o grau de incompatibilidade praticado por escolas particulares com a responsabilidade de aplicar métodos pedagógicos que supram estas deficiências. A escola, ao sugerir para os pais de alunos o reforço dos conteúdos escolares em outros locais, avoca pra si a incompetência da arte de ensinar e abre precedentes para críticas da sociedade.
Se esta prática não for combatida pelos órgãos fiscalizadores e pelos próprios pais, abrirá margens para o surgimento de novos “cursinhos”, que ganham milhões em cima desta deficiência, tirando da escola o dever de aplicar os conteúdos programáticos com qualidade e de preparar o estudante para sua continuada formação escolar e profissional.