quinta-feira, 30 de junho de 2011

Rádio CBN-SP faz uma radiografia da Copa do Mundo de 2014 em Manaus







Com o título “Estádio vira prioridade Em Manaus, apesar dos inúmeros problemas sociais da cidade” a rádio CBN-SP fez uma completa radiografia da atual situação em que se encontra Manaus, uma das 12 sub-sedes para a Copa do Mundo de 2014. O programa retratou inicialmente a decadência em que vem passando o futebol profissional amazonense. Num dos “clássicos” do futebol local foi constatado que apenas 150 torcedores prestigiavam o evento e a dificuldade de um clube de mais de sete décadas de existência continuar suas atividades, pois segundo seus dirigentes o citado clube já beira a falência e está prestes a fechar as portas devido dívidas que acumulou durante os anos.

O historiador de futebol do Amazonas, Carlos Zamith cita que a falência não se resume a uma só equipe, mas sim a todos os clubes, pois segundo ele, da forma como está o prestígio dos clubes atualmente a tendência é acabar com o futebol local.
Cada partida costuma dar prejuízo de cinco mil reais, por isso os clubes não querem nem falar em Arena da Amazônia que está sendo construído para a Copa 2014 com capacidade para 45 mil pessoas. A presidente do América, Bruna Parente disse que mesmo no antigo estádio se pagava para jogar para manter estádio e vê com fragilidade de como os clubes irão pagar os alugueis no novo estádio.

O coordenador na Unidade Gestora da Copa, Miguel Capobiango aposta no sucesso do investimento público na concessão à iniciativa privada e fala até em lucro e que segundo ele foi feito um estudo econômico que viabiliza o investimento aplicado.
O otimismo do governo é visto com desconfiança pelo IACi - Instituto Amazônico da Cidadania. O IACi foi contra a demolição e impetrou na justiça Federal uma Ação Popular tentar evitar a derrubada do estádio Vivaldo Lima, que segundo o presidente do IACi, Hamilton Leão não aceitava o grande desperdício de dinheiro público diante de tantas mazelas presentes. Para economizar dinheiro público, o IACi apresentou um projeto alternativo elaborado pelo engenheiro Jerônimo Maranhão que previa não a demolição, mas sim a reforma do antigo estádio Vivaldo Lima para receber a Copa do Mundo. Segundo Maranhão, para cada problema pontual se encontraria uma solução pontual e não quebrar tudo e começar do nada. O ideal e mais correto era reformar seguindo as exigências da FIFA e ser o mesmo estádio gastando pouco mais de R$ 200 milhões, disse.

A Ação (n°3731-90.2010.4.01.3200), assinada também pelos parlamentares Luis Castro e Mário Frota não deu resultado. O estádio foi demolido e novo já está em construção, com prazo de entrega para junho de 2013.
No canteiro de obras não há mais nenhum resquício do antigo estádio Vivaldo Lima e que se vê é terra, muita terra, além de 100 novas pilastras que já estão fixadas no solo e que servirão de bases para as arquibancadas da nova arena.
Nas contas do advogado e colaborador do IACi, Alcebíades Oliveira o custo real de todo o processo é maior do que o previsto. De acordo com ele o estádio Vivaldo Lima estava estimado patrimonialmente na ordem de R$ 350 a 400 milhões de reais. Somente para destruí-lo gastou-se R$ 25 milhões, e vai se construir em cima outro estádio no valor de mais de R$ 500 milhões.

O Tribunal de Contas da União (TCU) identificou no projeto executivo da Arena um sobrepreço de R$ 85 milhões. Segundo o TCU, o projeto é deficiente e subcontratado. O coordenador da Unidade Gestora da Copa minimiza as críticas e diz que o antigo estádio não tinha condições de obedecer aos ditames de uma arena moderna e que as questões de sobrepreço apontadas pelo TCU foram esclarecidas ano passado, portanto não havendo dúvidas, pois a obra vem sendo executada com total transparência necessária para resguardar a lisura do processo.

Entre as capitais brasileiras, Manaus tem o sexto pior Índice de Desenvolvimento Urbano (IDH) e na média o sétimo pior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). A rede de coleta e tratamento de esgoto sanitário alcança apenas 11% da cidade, segundo o IBGE. O médico Sanitarista e ex-professor de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Menabarreto Segadilha, também colaborador do IACi cita que os problemas de saneamento existentes em Manaus inviabilizam qualquer manifestação em prol da Copa na cidade. Segundo ele é preciso primeiramente que os governantes dessa cidade resolvam os vários problemas de saneamento básico existente e pensar a Copa do Mundo em segundo plano. Mesmo assim, com tantos problemas, Manaus vem investindo milhões em copa do mundo, que desagrada o sociólogo da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Geraldo do Valle. Segundo ele não acredita que o evento possa transformar Manaus naquilo que os governantes estão imaginando, pois em várias cidades onde ocorreu o evento esportivo os resultados apontam em outra direção.

As obras de mobilidade urbana nem saíram do papel. A principal delas, a implementação do monotrilho, uma espécie de metrô de superfície vem enfrentando resistência na sociedade civil. O escritor Márcio Souza, que já escreveu diversos artigos contrários ao novo sistema fala que a idéia do monotrilho é evasiva e que não prosperou no mundo. Satirizando a idéia, diz que o modelo é ideal para zoológico ou parque de diversões e que talvez Manaus se torne num parque temático voltando o que era ser uma cidade subdesenvolvida no século XX. Ele tem o apoio de urbanistas e de órgãos de controle. Para o Ministério Público Federal (MPF) e Controladoria Geral da União (CGU), o monotrilho, orçado em quase R$ 1,5 bilhão representa um risco a administração pública, mesmo assim o governo não cogita em interromper a licitação do projeto. O governo se defende e sustenta que o monotrilho é a solução mais adequada para o tamanho do programa ao qual criaram.

O BRT (Bus Rapid Train, na sigla em inglês), ônibus articulado que trafega em vias exclusivas é visto por especialistas como a melhor solução para Manaus. O modelo vai ser implementado em menor escala, mas também tem falhas graves, segundo o MPF. Tantos problemas preocupam o cientista político da UFAM, Gilson Gil que fez lembrar os Jogos Pan-americanos realizados no Rio de Janeiro em que os organizadores do evento disseram que os problemas ocorridos nunca mais iriam existir e que na prática está tudo se concretizando com a atual Copa, como a falta de planejamento e um orçamento que já passou do previsto.

Manaus ainda precisa ampliar o aeroporto, aperfeiçoar o sistema de telecomunicações e expandir a rede hoteleira. O urbanista da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), Jaime Kuck alerta que serão gastos R$ 3,3 bilhões em investimentos. De acordo com ele Manaus fatura R$ 12 bilhões por ano e o problema é gestão. Cronologicamente a Copa está muito perto para que todos os problemas sejam resolvidos, acrescentou. A justificativa do governo para tanto gasto é a mesma de todo o País: A Copa atrai dinheiro e dinheiro atrai desenvolvimento, só falta atrair credibilidade.

Depois de apostar mundos e fundos para trazer a Copa do Mundo para Manaus e prometer absurdos, o governo do Estado se vê diante de confusão armada. Assim, Manaus perde o primeiro “round”, pois está fora da disputa de ser sede para a Copa das Confederações que irá ocorrer em 2013. As cidades escolhidas foram Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Toda produção jornalística foi realizada no dia 04/05/2001 e feita pelo repórter Leandro Mota, enviado especial da rádio CBN-SP à Manaus.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Projeto propõe transporte coletivo modal marítimo nos igarapés de Manaus



Tornar os igarapés navegáveis numa real alternativa de transporte coletivo foi lançada como proposta pelo IACi, por meio do professor Raimundo Nascimento, doutor pelo Instituto Militar de Engenharia/RJ e professor aposentado da Ufam. A idéia central é utilizar os igarapés que cortam a cidade de Manaus e o rio negro como vias navegáveis o ano todo, que apesar da vazante peculiar nos meses de julho a dezembro pode ser resolvida com a construção de barragens nos pontos estratégicos e assim permitir o calado para os pequenos barcos o ano todo. A expedição denominada “Igarapés de Manaus”, formada por integrantes do IACi, representante do sindicato dos trabalhadores de transportes aquaviários (Sintraqua) e Comissão de Meio Ambiente da ALE-AM percorreu nesse domingo, 19/06 os igarapés de São Raimundo, da Cachoeira Alta, em São Jorge, de Educandos e do Franco na Compensa para fazer reconhecimento das áreas e assegurar a viabilidade de execução do projeto.
Durante o percurso foi observado a grande quantidade de lixo acumulado sobre as águas dos igarapés e o forte odor exalado em razão da decomposição do lixo e das múltiplas cargas de esgoto sanitário que são despejados sem qualquer tratamento diretamente nos igarapés.

Fatores impeditivos
Outro fator observado durante a expedição foi o avanço de casas sobre os igarapés, que em algumas partes como no igarapé do 40 não permitia o avanço da expedição por estar tomado de casas em todo seu leito. As pontes construídas pelo Programa de Saneamento Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim) sobre os igarapés também foram outro fator impeditivo de avançar na navegação. Mal projetadas, inclusive apresentando sinais de fissuras em suas estruturas, as pontes além de impedir o fluxo natural das águas e da navegabilidade, acumulam grande quantidade de lixo, que contribuem mais ainda para exalação do odor na cidade. Todos esses fatores negativos serão levados ao conhecimento do poder público e solicitado suas adaptações e correções.

Operacionalidade
O projeto prevê a utilização de pequenas embarcações motorizadas cobertas para o transporte coletivo, a baixo custo, de pessoas que moram nas proximidades dos igarapés navegáveis. As ruas que dão acesso aos igarapés serão utilizadas como pontos de embarque e desembarque de passageiros, todas dotadas de infra-estrutura mínima para o acesso/decesso dos usuários. Outro complemento do projeto será a adaptação das orlas dos igarapés para a implantação de ciclovias e pistas de caminhadas, uma tendência seguida por importantes cidades do mundo. A atividade será regulada por órgãos públicos e com a operacionalidade de proprietários de barcos pertencentes a cooperativas e sindicatos do setor. Outra contra-partida é participar da limpeza dos igarapés, haja vista que o município paga mensalmente R$ 500 mil para limpar esses leitos utilizando grandes balsas que não adentram nos igarapés. A proposta é criar novos mecanismos para a coleta e transporte do lixo produzido. Propõe também a utilização de moradores ao longo dos igarapés como co-responsáveis pela limpeza a partir da integração deles no trabalho de educação e conscientização ambiental.

Alerta
O projeto, Além de propor uma alternativa real para amenizar o transporte modal terrestre, faz um alerta as obras do Prosamim para o não avanço dos aterramentos, obstruções e concretamento dos leitos dos igarapés, pois destroem e descaracterizam o processo natural desses locais, contribuindo para alagações e a degradação das áreas. Dessa forma, o programa de saneamento do governo perde e deixa de realizar uma importante oportunidade histórica de tornar os igarapés constantemente navegáveis e com um potencial de exploração turística na cidade, como acontece em outras cidades do mundo, como Veneza por exemplo.
Seul, capital da Coreia do Sul foi um exemplo de despoluição e recuperação de seus igarapés. A cidade faz altos investimentos para desfazer o erro das administrações passadas que resolveram aterrar os leitos de seus córregos e nascentes.