quarta-feira, 22 de junho de 2011

Projeto propõe transporte coletivo modal marítimo nos igarapés de Manaus



Tornar os igarapés navegáveis numa real alternativa de transporte coletivo foi lançada como proposta pelo IACi, por meio do professor Raimundo Nascimento, doutor pelo Instituto Militar de Engenharia/RJ e professor aposentado da Ufam. A idéia central é utilizar os igarapés que cortam a cidade de Manaus e o rio negro como vias navegáveis o ano todo, que apesar da vazante peculiar nos meses de julho a dezembro pode ser resolvida com a construção de barragens nos pontos estratégicos e assim permitir o calado para os pequenos barcos o ano todo. A expedição denominada “Igarapés de Manaus”, formada por integrantes do IACi, representante do sindicato dos trabalhadores de transportes aquaviários (Sintraqua) e Comissão de Meio Ambiente da ALE-AM percorreu nesse domingo, 19/06 os igarapés de São Raimundo, da Cachoeira Alta, em São Jorge, de Educandos e do Franco na Compensa para fazer reconhecimento das áreas e assegurar a viabilidade de execução do projeto.
Durante o percurso foi observado a grande quantidade de lixo acumulado sobre as águas dos igarapés e o forte odor exalado em razão da decomposição do lixo e das múltiplas cargas de esgoto sanitário que são despejados sem qualquer tratamento diretamente nos igarapés.

Fatores impeditivos
Outro fator observado durante a expedição foi o avanço de casas sobre os igarapés, que em algumas partes como no igarapé do 40 não permitia o avanço da expedição por estar tomado de casas em todo seu leito. As pontes construídas pelo Programa de Saneamento Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim) sobre os igarapés também foram outro fator impeditivo de avançar na navegação. Mal projetadas, inclusive apresentando sinais de fissuras em suas estruturas, as pontes além de impedir o fluxo natural das águas e da navegabilidade, acumulam grande quantidade de lixo, que contribuem mais ainda para exalação do odor na cidade. Todos esses fatores negativos serão levados ao conhecimento do poder público e solicitado suas adaptações e correções.

Operacionalidade
O projeto prevê a utilização de pequenas embarcações motorizadas cobertas para o transporte coletivo, a baixo custo, de pessoas que moram nas proximidades dos igarapés navegáveis. As ruas que dão acesso aos igarapés serão utilizadas como pontos de embarque e desembarque de passageiros, todas dotadas de infra-estrutura mínima para o acesso/decesso dos usuários. Outro complemento do projeto será a adaptação das orlas dos igarapés para a implantação de ciclovias e pistas de caminhadas, uma tendência seguida por importantes cidades do mundo. A atividade será regulada por órgãos públicos e com a operacionalidade de proprietários de barcos pertencentes a cooperativas e sindicatos do setor. Outra contra-partida é participar da limpeza dos igarapés, haja vista que o município paga mensalmente R$ 500 mil para limpar esses leitos utilizando grandes balsas que não adentram nos igarapés. A proposta é criar novos mecanismos para a coleta e transporte do lixo produzido. Propõe também a utilização de moradores ao longo dos igarapés como co-responsáveis pela limpeza a partir da integração deles no trabalho de educação e conscientização ambiental.

Alerta
O projeto, Além de propor uma alternativa real para amenizar o transporte modal terrestre, faz um alerta as obras do Prosamim para o não avanço dos aterramentos, obstruções e concretamento dos leitos dos igarapés, pois destroem e descaracterizam o processo natural desses locais, contribuindo para alagações e a degradação das áreas. Dessa forma, o programa de saneamento do governo perde e deixa de realizar uma importante oportunidade histórica de tornar os igarapés constantemente navegáveis e com um potencial de exploração turística na cidade, como acontece em outras cidades do mundo, como Veneza por exemplo.
Seul, capital da Coreia do Sul foi um exemplo de despoluição e recuperação de seus igarapés. A cidade faz altos investimentos para desfazer o erro das administrações passadas que resolveram aterrar os leitos de seus córregos e nascentes.

Um comentário:

  1. Manaus é uma cidade entre-cortada por igarapés, mas desgraçadamente as autoridades dão prioridade para outras formas de locomoção que não são próprios do transporte manauara. Essa seria uma forma de desafogar o caótico transito da cidade, pois deslocaria as pessoas sem grandes somas vultuosas de dinheiro, seria algum investimento público nada faraônico, como vemos algumas obras na cidade. Mas sonhar ainda não custa nada, pois quando custar vamos ser cobrados.....

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