quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Doença que infecta e mata milhões de pessoas no mundo requer medidas urgentes, eficientes e responsáveis

 Por Hamilton leão


    O momento atual da saúde pública no mundo pela proliferação do novo coronavírus chega ao seu extremo com 65 milhões de infectados e a mortandade que já caminha para dois milhões de pessoas, tendo o Brasil como o segundo país com o maior número de mortes, indo em direção a 200 mil vítimas.
    No Amazonas, o número de casos confirmados está acima do número de mortes no país e já registra mais de cinco mil óbitos, configurando como Estado da região Norte com número em ascensão de infectados.
    Os números mostram a proliferação da doença e suas consequências no cotidiano das pessoas e pouco ou quase nada está surtindo efeito contra os males que ela causa. Uma vacina, que seria o procedimento esperado para imunizar a população brasileira, ainda não teve a preocupação imediata do governo federal para conter o avanço do vírus. A falta de responsabilidade pela ausência de atos administrativos ou sua flexibilização por parte das autoridades públicas tem contribuído significativamente para o aumento de casos.
    Baseado nos nocivos dados estatísticos, ações imediatas e necessárias devem ser tomadas pelos governos e pela sociedade em geral, valendo-se o princípio do direito á vida e sua prevenção como forma de amainar o caos que a pandemia provoca.
    Os hospitais públicos e privados já anunciaram a totalidade na sua capacidade de internação e o serviço de saúde chega a seu colapso, não havendo vagas disponíveis para uma previsão de novos casos que já estavam previstos. A aglomeração, um dos motivos principais que levou ao internamento, agora é vivida nos hospitais, local receptor de grande quantidade de pacientes com outras enfermidades e de ambiente propício à proliferação de bactérias.
    As bactérias, vilões a parte desse caos na saúde têm contribuído para o agravamento do quadro de saúde dos pacientes covidados, que chegam com seus pulmões comprometidos e acabam sendo infectados pela cadeia de microrganismos presentes nos estabelecimentos de saúde. Nessa horrenda realidade, os cemitérios nunca foram tão utilizados e movimentados pelo expressivo número de mortes.
    A história nos ensina que a luta pela vida, empreitada pelos profissionais de saúde vai além do tratamento oferecido aos enfermos e se estende ao uma gama de esforços surreais para dar o atendimento digno e humano àqueles que estão aos seus cuidados. Exemplo disso foi a luta incessante do médico escocês Alexander Fleming, que durante a I Guerra Mundial (1914-1918) tratava com primazia os feridos em combate, mas o empenho em cuidar dos ferimentos eram em vão diante à quantidade de mortes. Percebeu que o inimigo era em dobro, ou milhares dele, pois observou que as baixas se davam mais pela presença de bactérias nos ferimentos, acelerando a morte dos combatentes. Seus esforços levaram a descoberta da penicilina, substância antibacteriana que iria revolucionar o mundo, mas por ironia do destino a produção em massa da penicilina seria utilizada na II Guerra Mundial (1939-1945).

Tratamento domiciliar
    Ante ao grau de superlotação dos hospitais e a possibilidades de agravamento da doença por meio de carga microbiana em pacientes acometidos pelo coronavirus, além da probabilidade de se contrair o Covid-19 por pacientes com outras enfermidades, o sistema de saúde pública deverá envidar esforços para que possa ser realizado o tratamento domiciliar como opção. Sob orientação médica e com serviço de linha telefônica direta disponível 24 horas, a família poderá dar os primeiros atendimentos ao ente familiar e oferecer conforto e segurança na tranquilidade de seu lar, distante de possíveis microrganismos que possam agravar seu quadro de saúde.
A necessidade de se separar pessoas com COVID-19 e pacientes com outras doenças não contagiosas é algo que dificilmente pode ser feito em hospitais e clínicas nesse momento de pandemia e isso só faz aumentar o modo de transmissão da doença, inclusive entre os profissionais de saúde. Nesse contexto, o tratamento domiciliar surge como uma alternativa segura e complementar para a diminuição do fluxo de positivados com o vírus nas unidades hospitalares e com possibilidades reais de sobrevivência.

Disponibilidade de medicamentos
    Os medicamentos e equipamentos necessários ao atendimento do paciente em tratamento domiciliar devem estar disponíveis de uma maneira descomplicada, permitindo ao membro familiar a aquisição nos postos médicos e centrais de medicamentos.
Além dos medicamentos e materiais necessários para higiene, ter um suprimento de alimentos saudáveis como frutas, verduras, carnes e etc. é extremamente necessário, uma vez que estar bem alimentado é fator essencial para enfrentar a doença. Porém, infelizmente a pandemia causou um aumento de preços exagerados nos produtos e a usura de fabricantes e comerciantes deixou muitas famílias sem opção de uma boa alimentação e de outros artigos básicos.

Equipe multiprofissional de saúde
    As secretarias municipais e estaduais de saúde pública, com total apoio do Ministério da Saúde devem unificar forças para disponibilizar nas áreas urbanas e rurais o maior contingente de profissionais médicos, enfermeiros, técnico de enfermagem, vigilantes, agentes de saúde etc, para o acompanhamento de pacientes em internamento domiciliar.
Algumas iniciativas preventivas como serviço de triagem com oferta de teste rápido, reforço aos protocolos de cuidados contra a proliferação do vírus e da doença, orientações necessárias aos recalcitrantes ou céticos e demais informações e ações preventivas são de grande importância.

Tratamento fitoterápico
    Por ser uma doença respiratória, a acuidade do Covid-19 está nos sintomas graves de febre alta, pneumonia e insuficiência respiratória aguada, o que compromete substancialmente o pulmão do infectado. Pacientes em estado grave da doença são normalmente “entubados” como via de tratamento, ao precisar de oxigênio suplementar ou ventilação mecânica. As estatísticas médicas mostram que o uso da ventilação mecânica tem levado a uma altíssima taxa de mortalidade dos pacientes de COVID-19.
    Para diminuir esses riscos de mortes, o tratamento fitoterápico por via de plantas medicinais aparece como sua alternativa saudável e apresenta efeitos colaterais significativamente menores e menos graves. A comparação da ventilação mecânica ao uso do método natural tem uma enorme diferenciação, porque o primeiro, apesar de ser uma ferramenta essencial para o tratamento, apresenta alguns riscos pela necessidade de sedar o paciente e este não poder falar, comer ou beber. Isso exige a presença frequente do profissional de saúde, que por sua vez fica em exposição maior ao paciente infectado e o deixa mais vulnerável quanto ao risco de dispersão de partículas do vírus.
    Na premissa que os medicamentos naturais trazem menos efeitos colaterais que os sintéticos, o uso de procedimentos fitoterápicos tem evoluído e já é uma realidade na medicina.
    Uma iniciativa pioneira do cientista Raimundo Nascimento, Doutor em Química, professor aposentado da Universidade Federal do Amazonas, especializado em Ressonância Magnética Nuclear e mais de 50 anos trabalhando com o uso de plantas medicinais idealiza uma proposta para reduzir e combater a Covid-19.
    A proposta inédita baseia-se numa sauna, que será inaugurada em breve para recepcionar pessoas que contraíram o coronavírus, dotada de temperatura de 50 a 60 graus Celsius, inalação com oxigênio e vapores de plantas medicinais para as vias respiratórias. A fitoterapia, aposta o cientista, é o caminho para a valorização do Brasil que é detentor da maior reserva florestal do mundo.
    A iniciativa curativa é mais uma opção ao caos que culminou na lotação excessiva dos hospitais, pois segundo o Dr. Nascimento, deve-se iminentemente elaborar um plano efetivo, com o tratamento iniciado nas residências dos pacientes, quando for possível. Colocar pessoas com COVID-19 e pacientes com outras doenças não contagiosas, num mesmo hospital ou clínica é o maior meio de transmissão da COVID-19, afirmou.
    Acrescenta que a doença tem duas fases: a fase de replicação do vírus e fase inflamatória. Na fase de replicação do vírus, o tratamento é o isolamento na própria residência do paciente ou amigo e outros.

Ozonioterapia
    Embora polêmica e não recomendada pela Organização Mundial da Saúde e Ministério da Saúde e rechaçado pelo Conselho Federal de Medicina, o tratamento via ozonioterapia (uso de gases oxigênio e ozônio por insuflação no reto e outras vias) é outra forma que vem sendo utilizada como alternativa no País, por ter custos melhores. Numa experiência feita com 12 pessoas e amigos acometidos de coronavírus, o professor Nascimento informa que obteve resultados satisfatórios em 11 infectados e apenas um se antecipou ao tratamento e procurou o hospital para se internar, onde acabou falecendo.
    A ozonioterapia, segundo esclarece o especialista é um importantíssimo tratamento na fase inicial da doença, pois a insuflagem com ozônio no reto, também exige vitaminas, boa alimentação e a ingestão de água ozonizada no tratamento inicial para obter os efeitos esperados.

Ações incontinenti
    Diante ao descontrole que a doença atingiu, configurando-se como uma pandemia e sem sinais imediatos de uma vacina imunizadora, o Instituto Amazônico da Cidadania – IACi, no seu dever estatutário de apoiar projetos e campanhas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos, de forma a propiciar uma melhor qualidade de vida à população, reforça a recomendação dos itens para o combate do Covid-19.
Ressaltamos que o cumprimento irrestrito das medidas de segurança sugeridas, como tratamento domiciliar, disponibilidade de medicamentos, equipe multiprofissional de saúde e tratamento natural, como forma opcional e seguindo os critérios médicos estabelecidos, no combate à propagação do vírus e na diminuição de sequelas, e, sobretudo, o uso dos recursos públicos de forma ética e eficiente são ações que devem ser postas em prática.


Instituto Amazônico da Cidadania – IACi
Manaus/AM, 31 de dezembro de 2020

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Estudo de monitoramento aponta baixos índices de qualidade das águas em bacias hidrográficas de Manaus

 

Por Hamilton Leão


    Um estudo de monitoramento do índice de qualidade das águas das bacias hidrográficas de Educandos e de São Raimundo feito pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA apresentou má qualidade da água em sua grande maioria.  

    Ao longo das duas bacias, 46 pontos de coletas da qualidade das águas, distantes mil metros entre si foram analisados durante os meses de fevereiro, julho e outubro de 2020. Na bacia de Educandos, com dimensão de 47 km2, 14 pontos de coletas foram feitas e apresentaram resultados de sete coletas péssimas e sete ruins.

    Na bacia de São Raimundo, com dimensão de 122 km2, os resultados das análises de 32 pontos de coleta foram classificados como seis péssimas; 20 ruins; quatro razoáveis e um bom, esse localizado na nascente do igarapé do Mindu.

    As análises dos pontos de coleta foram baseadas no Índice da Qualidade das Águas (IQA), recomendado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e na Resolução CONAMA 357/2005, que estabelecem parâmetros físico-químicos para avaliação da qualidade das águas, como Oxigênio Dissolvido, Coliformes termotolerantes, Potencial Hidrogeniônico (pH), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Temperatura da água, Nitrogênio Total, Fósforo Total, Turbidez e Resíduo Total.

    De acordo com a ANA, o IQA foi desenvolvido para avaliar a qualidade da água bruta visando seu uso para o abastecimento público, após tratamento. Os parâmetros utilizados no cálculo do IQA são em sua maioria indicadores de contaminação causada pelo lançamento de esgotos domésticos.

    O órgão reconhece que a avaliação da qualidade da água obtida pelo IQA apresenta limitações, já que este índice não analisa vários parâmetros importantes para o abastecimento público, tais como substâncias tóxicas (ex: metais pesados, pesticidas, compostos orgânicos), protozoários patogênicos e substâncias que interferem nas propriedades organolépticas (cor, brilho, odor, sabor e textura) da água.

    As análises químicas efetuadas no laboratório da instituição, sobretudo nos pontos de coletas com índice de qualidade péssima demonstraram presença de metais e não metais em grande quantidade, tais como Cálcio, Ferro, Sódio, Magnésio, Potássio, Sódio, Fósforo, Silício, Enxofre e Iodo.  

    Em menor quantidade, os elementos químicos Alumínio, Boro, Bário, Berílio, Cobre, Érbio, Estrôncio, Gadolínio, Índio, Manganês, Titânio, Ítrio e Zinco também fazem parte da carga tóxica lançada diariamente nos igarapés das duas bacias hidrográficas de Manaus por meio de esgotos domésticos e industriais.   

    No estudo, o ponto de coleta de n° 46 (cor amarela) chama atenção pela sua classificação razoável no quesito de qualidade da água, pois está situado próximo a orla do rio Negro, frente ao prédio histórico da antiga cervejaria Miranda Correa, local de desague de toda carga orgânica da bacia de São Raimundo. 

    Questionado ao que deve esse fato de um ponto está com sua análise razoável em meio a tantos outros de conceitos péssimo ou ruim, o coordenador da pesquisa, Prof. Dr. em Química, Sérgio Duvoisin Junior esclarece que o fato se dá em função da relativa capacidade do rio Negro de depurar os efluentes lançados, porém não é para sempre essa diluição e se não houver cuidados e zelo com os rios da região chegará o tempo de sua exaustão. Salienta também que através desse estudo busca-se formar uma consciência e mostrar que tudo não é infinito e a população deve desmistificar essa ideia que tudo pode ser jogado nos rios e igarapés da Amazônia devido aos seus grandes volumes d’água.

    Finaliza alertando que deve haver uma responsabilidade com as futuras gerações, porque embora diminua a carga poluente do ponto em questão não significa que sumiu os poluentes, apenas diminuiu e se acumula gradativamente. A forma correta seria não lançar esses efluentes nas águas sem antes passar por um tratamento adequado.   

    Em tempo de pandemia, a presença de grande carga orgânica e de elementos químicos nas águas de igarapés e rios é uma preocupação a mais para a saúde pública, principalmente pela facilidade do ser humano ser contaminado por diversas doenças de veiculação hídrica. Outra inquietação se dá devido à completa mortandade de toda vida marinha que habitavam esses recursos hídricos, além do aspecto desolador que esses igarapés transmitem com a poluição visual em função da alta carga de lixo depositada em suas águas.    

 

Projeto financiado pelo Governo

    O Projeto de monitoramento e análise da qualidade das águas das duas bacias hidrográficas foi financiado pelo Governo do Estado do Amazonas, por meio do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim), Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), Universidade do Estado do Amazonas (UEA/CAQ), Fundação Universitas de Estudos Amazônicos (FUEA) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

    No programa de recuperação ambiental dos igarapés já foi investido a significante quantia de U$1 bilhão (algo em torno de cinco bilhões de reais) e não conseguiu ser implantadas estações de tratamento de esgoto nos conjuntos habitacionais erguidos, locais esses construídos sobre igarapés aterrados e que margeiam bacias hidrográficas da cidade.   

    As analises foram feitas por pesquisadores da Central de Análises Química, um grupo de pesquisa química aplicada á tecnologia pertencente a UEA, com uma equipe técnica formada por químicos, físico, biólogos, biotecnologista, engenheira ambiental, geógrafo e técnicos em Química. Mais informações sobre o projeto e detalhamento dos pontos de análises coletados estão disponíveis na página eletrônica da UEA, no link  https://sites.google.com/uea.edu.br/qualidade-da-agua-prosamim/resultados?authuser=0

    Os estudos nas duas bacias seguem até o ano de 2021, mas será necessário um aporte financeiro para a continuidade das pesquisas nas demais bacias urbanas de Manaus e das bacias hidrográficas dos municípios do Estado do Amazonas.


                                                                                                                                                               Foto: Valter Calheiros

                             Águas das bacias são sufocadas por carga de lixo doméstico e industrial e por uma variedade de elementos químicos