sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Movimentos sociais do Amazonas fazem manifestação no TJ-AM e protocolam representação ao CNJ

Atendendo a uma convocação feita pelo Instituto Amazônico da Cidadania – IACi, movimentos sociais do Estado do Amazonas, nas mais diversas categorias estiveram presentes e dando apoio ao ato público ocorrido no dia 23/01/2014 que cobrava a celeridade nos julgamentos de processos no Tribunal de Justiça (TJ-AM).

Faixas, cartazes e um apitaço buscavam chamar a atenção do público e principalmente dos integrantes do Conselho Nacional de Justiça, encarregados de fazer mais uma inspeção administrativa e correcional nos processos do TJ. Uma das faixas, “A população clama por justiça! O CNJ é a nossa esperança”, deixava bem claro que os problemas só poderiam ser resolvidos sob interveniência do CNJ. Outras faixas chamavam atenção e destacavam o crime de pedofilia, atribuído ao prefeito de Coari, Adail Pinheiro, a cobrança abusiva da taxa de esgoto, cinco candidatos aprovados em concurso de delegado, o superfaturamento do edifício-garagem da Assembléia do Amazonas, o terreno comprado pelo Estado por R$ 13 milhões, e outras que apontavam a meta 18 não cumprida e ineficiência da justiça local.  
  
Participaram da manifestação representantes da Associação das Donas de Casa do Estado Amazonas (ADCEA), Movimento Amigos da Zona Norte de Manaus (MAZON), Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM), Marcha das Mulheres, Instituto Amazônico da Cidadania (IACi), Pastoral da Juventude, Associação da Vítimas de Coari, Partido Pirata e demais associações e cidadãos.

Na oportunidade, os movimentos sociais de mulheres do Amazonas distribuíram o documento “Carta à população e às autoridades”, manifestando suas indignações quanto aos fatos veiculados na imprensa nacional, através do Programa Fantástico, do último dia 19/01/2014 - matéria jornalística que retratou uma suposta rede de corrupção e exploração sexual infantil envolvendo o prefeito do município de Coari e demais pessoas.  

Ao final, um documento assinados por todos os participantes do ato foi protocolado na sala do CNJ, direcionado ao conselheiro Gilberto Valente, pedindo a urgência nos julgamento e também assinalando a insatisfação da sociedade amazonense pela procrastinação nos julgamentos dos processos.
A seguir, na íntegra, o documento encaminhado ao CNJ:

Ofício 002/2014 – IACi           Manaus, 23 de janeiro de 2014.

Ao Excelentíssimo Senhor Conselheiro
GILBERTO VALENTE MARTINS 
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

Senhor Conselheiro,

O Instituto Amazônico da Cidadania – IACi, em conjunto cidadãos, cidadãs e demais organizações da 
sociedade vêm à presença de Vossa Excelência para apresentar a insatisfação que a sociedade amazonense 
demonstra em razão da procrastinação no julgamento dos processos abaixo relacionados:

1-      PROCESSO 0019736-34.2010.8.04.0012
Trata-se de Ação Popular impetrada pelo vereador Francisco Praciano sobre venda da empresa pública 
Cosama (Companhia de Saneamento do Amazonas), cujo processo foi distribuído automaticamente na data 
de 27/01/2000. 
A empresa que foi desestatizada tinha um patrimônio de R$ 486,5 milhões e foi vendida ao preço de R$ 193 
milhões.  

2-      PROCESSO 0245328-03.2008.8.04.0001
Trata-se de processo contra a empresa concessionária de água e esgoto de Manaus que figura desde o ano de
2002, originária da Ação Civil Pública impetrada pelo Ministério Público Estadual – processo n° 
0061501-96.2002.8.0001 sobre o sistema de coleta e tratamento de esgoto da cidade de Manaus. 
Por se tratar de um serviço essencial à vida em seus múltiplos aspectos, o abastecimento de água e a coleta e 
tratamento de esgoto da cidade, não traduz com a real eficiência operacional sistema, além de não cumprirem
com as metas do Contrato de Concessão do município.

Uma rápida caminhada pela cidade é possível se notar que todo esgoto da cidade é lançado sem qualquer 
tratamento diretamente no rio Negro e nos igarapés da cidade. As estações de tratamento, que deveriam fazer
todo o tratamento de esgoto são meras coletoras e depositárias dos dejetos sanitários. A situação virou um 
caso de saúde pública, e coloca Manaus entre as dez cidades brasileiras com as maiores taxas de internação 
de crianças menores de cinco anos por diarreia, segundo o estudo “Esgotamento Sanitário Inadequado e 
Impactos na Saúde da População”, de autoria do Instituto Trata Brasil. (Jornal Diário do Amazonas, edição de 
27/12/2013).

A prova da ineficiência da empresa concessionária está demonstrada no grande número de processos requeridos à concessionária de água
São mais de 2 mil processos contra a empresa Manaus Ambiental, dados extraídos até a data de 22/01/2014 
no sitio eletrônico do Tribunal de Justiça do Amazonas.    
Outro fator que coloca a empresa como má prestadora dos serviços está nos noticiários dos jornais locais. A 
imprensa tem registrado corriqueiramente os fatos como uma prova viva de que a população não aprova a 
forma como a concessionária de serviços públicos vem atuando negativamente no fornecimento de água e na 
coleta e tratamento de esgoto da cidade de Manaus.

3-      PROCESSO 0252943-39.2011.8.04.0001
Trata-se de Ação Civil Pública referente ao problema de fornecimento de água para uma das maiores zonas 
urbanas da cidade de Manaus, que atinge 18 bairros, a zona Leste. A população desses bairros ainda sofre a 
descontinuidade diária no abastecimento, embora o contrato de concessão regulamente o fornecimento ininterrupto
de água no período de 24 horas.

4-      PROCESSO 0222163-53.2010.8.04.0001
Trata-se de processo envolvendo cinco candidatos ao concurso público de delegados do Estado do Amazonas
que mesmo reprovados no concurso assumiram as vagas. A imprensa local alcunhou o caso de “Quinteto 
Fantástico”. De acordo com as regras do edital do concurso de 2009, apenas os 300 melhores classificados 
na fase objetiva teriam suas provas discursivas corrigidas. Os cinco ‘agraciados’ com uma vaga ficaram em 
395°, 635°, 667°, 897°, 1.011° na classificação geral. Todos os cinco ‘classificados’ têm ligações com 
políticos e autoridades do Estado.

5-    PROCESSO 0702487-91.2012.8.04.0001
Trata-se de processo de invasão de terras de propriedade pública previamente indenizada pelo Estado, em 
função do próprio Estado e Município não cumprirem a política de ordenamento e fiscalização urbana.
Se os órgãos públicos não tomarem as intervenções necessárias e imediatas, os espaços indenizados e urbanizados pelo Estado por meio do programa 
Prosamim (Programa de Saneamento dos Igarapés de Manaus) podem ser alvos de múltiplas invasões, 
acarretando grandes prejuízos sociais, ambientais e econômicos. 

6-   PROCESSOS CONTRA ADAIL PINHEIRO, PREFEITO DE COARI-AM
Trata-se de processos que envolvam o prefeito do município de Coari em crimes de pedofilia e improbidade 
administrativa. Segundo dados da imprensa local, o acusado tem em torno de 70 processos que configuram 
contra sua pessoa.

7-   PROCESSO 0102111-38.2004.8.04.0001
Trata-se de processo de desapropriação de terreno no bairro Santa Etelvina, em Manaus pago pelo Estado do 
Amazonas o valor de R$ 13 milhões, antes adquirido pela empresa Columbia Engenharia pelo valor de R$ 400 mil.
O caso ficou conhecido na imprensa local como o caso do superterreno. O processo já está no âmbito do STJ. 

Isto posto, Senhor Conselheiro, O Instituto Amazônico da Cidadania – IACi, esperando ter contribuído para 
que os processos ora apresentados possam ter seu julgamento de forma célere, com imparcialidade e, 
sobretudo, com a atenção devida em razão de serem de interesse de toda sociedade amazonense, 
nestes termos pede deferimento.

Hamilton de Oliveira Leão
presidente