sexta-feira, 30 de julho de 2010

Agricultores da Costa do Catalão apreensivos com o fenômeno de terras caídas


Na pequena comunidade da Costa do Catalão, município de Iranduba-AM, a 25 quilômetros de Manaus, agricultores e moradores vivem um dilema com as constantes caídas de terras, um fenômeno peculiar que ocorre nas margens dos rios amazônicos. O problema foi alertado pelo ativista social Valter Calheiros, que visitou o local e fez registro fotográfico do fenômeno. A partir de sua contestação, Calheiros relatou o problema a membros do Instituto Amazônico da Cidadania – IACi, que preocupados proporam uma visita ao local com a presença da imprensa. A visita, feita à comunidade no dia 23 de julho de 2010 – sexta-feira com a equipe do jornal A Crítica encontrou uma população preocupada e apreensiva com o fenômeno de terras caídas.
Com uma base econômica proveniente da produção de hortaliças, agricultores temem que o local desapareça do mapa e leve consigo as dezenas de residências que ainda resistem ficar no local e toda sua produção agrícola, que, aliás, diminui consideravelmente desde o surgimento do fenômeno. Acuados em seu pequeno espaço, famílias de agricultores mantém a produção de couve, feijão de corda, cheiro-verde, chicória, entre outras hortaliças que abastecem as feiras e mercados de Manaus nos poucos espaços que ainda restam entre as ruas e quintais de suas casas.
Moradores relataram que já ‘desmontaram’ suas casas por mais de duas vezes e temem não encontrar mais espaços na ilha para fincar novas residências. A cada dia as águas avançam em direção às casas dos agricultores, destruindo plantações e obrigando-os a buscarem novos espaços para morar e plantar. Para tentar conter o avanço das terras caídas, os agricultores improvisam barragens com madeiras e também estão cortando em um metro de altura as árvores próximas aos barrancos para evitar que o fenômeno as derrube com suas raízes e fragilize ainda mais o solo castigado pelas águas do rio Solimões. Um campo de futebol existente no local, único objeto de diversão da comunidade agrícola, também bastante utilizado por outras comunidades, inclusive servindo de local de treinamento de clubes profissionais locais foi completamente devastado do mapa da Costa do Catalão. Segundo a associação de moradores, em torno de 38 famílias, temendo algo pior e sem perspectivas reais de se manterem em segurança na ilha que é cercada pelas águas dos rios Negro e Solimões, já deixaram o local em direção às zonas leste e norte de Manaus.
De acordo com a informação dos moradores, o problema há tempo foi alertado ao prefeito de Iranduba, Nonato Lopes, que prometeu transferir as famílias para um local mais seguro e propício à atividade da cultura de hortaliças, condição sugerida pelos agricultores. Outra benemerência, conforme citaram os líderes comunitários surgiu por parte do Estado, que também prometeu alocar as famílias em terras mais seguras. Moradores temem ainda que as promessas feitas sejam apenas ‘conversas’ em época de eleições, em que na maioria das vezes os políticos tiram proveito da situação, angariando votos e no final não cumprem o que foi acordado.
Em conversa com vereadores do município de Iranduba, os líderes da associação de moradores souberam que a Câmara municipal aprovou no orçamento anual de 2010 a verba de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), quantia esta destinada à compra de um terreno para as famílias de agricultores da Costa do Catalão ameaçadas pelo fenômeno das terras caídas.
Na matéria jornalística de A Crítica do dia 25 de julho – domingo, assinada pela jornalística Elaíze Farias relata mais detalhes sobre a visita feita à comunidade da Costa do Catalão.
Estudos desenvolvidos pela Universidade Federal do Amazonas – Ufam, por meio do Departamento de Geologia, com matéria publicada no jornal da Adua (Associação dos Docentes da Universidade do Amazonas) revelam que novos estudos geológicos podem melhorar as políticas públicas no Amazonas. Em busca destas informações, o IACi irá propor a especialistas no assunto a elaboração de relatório técnico da área e também se fundamentar de estudos já elaborados para consubstanciar a orientação aos moradores da Costa do Catalão e demais comunidades que sofrem com o fenômeno de terras caídas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário